segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Renan comenta: OBFEP 2015 - 1ª Fase - Nível B - Parte 01

Fala galera! Renan aqui para dar continuidade aos comentários da OBFEP 2015. Hoje é dia de resolver o nível B, destinado aos estudantes do 1º e do 2º ano do Ensino Médio. Como essa prova é maior (20 questões), dividirei esse post em duas partes. Bora pra action?

Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas 2015 - 1ª Fase - Nível B

Questões B.1 a B.10

B.1) (somente para alunos da 1ª série)
Em 1997, Gilberto Gil lançou o álbum “Quanta” com músicas que tratavam da física quântica e da revolução da informática. Ao lado, vemos um trecho da música “Pela Internet” que foi muito tocada nas rádios na época.
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje

O termo “gigabytes” significa giga de bytes, ou, bilhões de bytes, ou ainda, 109 bytes. Vemos o prefixo giga usado pela informática para medir a quantidade de bytes (unidade de informação). Este prefixo pode ser usado para expressar bilhões de qualquer unidade: gigawatts (bilhões de watt), gigametro (bilhões de metros), etc. O giga pertence a uma grande lista de prefixos utilizados no Sistema Internacional (SI), todos representando potências de 10. Você já utilizou alguns deles junto às unidades metro (m), litro (L) e grama (g) como no centímetro (centi + metro), no mililitro (mili+litro) e no quilograma (quilo+grama).

Determine qual a ordem crescente das quantidades representadas pelos prefixos abaixo.
a) mega - giga - tera
b) mega - tera - giga
c) giga - mega - tera
d) tera - giga - mega

 Resolução 

Questão bem tranquila, basta conhecer um pouco dos prefixos. A ordem crescente é mega (106), giga (109) e tera (1012). Conheça mais prefixos clicando aqui.

Resposta: A

B.2) (somente para alunos da 1ª série) 
Um mosquito estava voando próximo de um mata-insetos elétrico quando foi atraído pela luz violeta emitida por este equipamento, conforme representado na figura abaixo. O mosquito voou diretamente para o mata-insetos com velocidade vetorial v cujo módulo é igual a 2,5 cm/s. Quanto tempo levou para o inseto tocar neste equipamento?
a) 4 s
b) 6 s
c) 8 s
d) 10 s

 Resolução 

Para achar a distância do mosquito até o objeto, você pode usar o teorema de Pitágoras ou pode lembrar que o triângulo em questão é um triângulo pitagórico. A distância será 20 cm.

d = v.t  t = d/v  t = 20 cm / 2,5 cm/s
t = 8 s

Resposta: C

B.3) (somente para alunos da 1ª série)
Para criar as imagens abaixo, cada sistema óptico usou um tipo diferente de fenômeno.
Determine qual o fenômeno usado pelo sistema óptico à esquerda e pelo sistema óptico à direita, respectivamente.
a) Reflexão e refração.
b) Refração e reflexão.
c) Refração e difração.
d) Difração e reflexão.

 Resolução 

O fenômeno observado nas lentes (esquerda) é a refração dos raios luminosos. Na direita, por sua vez, o espelho provoca a reflexão dos raios de luz.

Resposta: B

B.4) (somente para alunos da 1ª série)
A prova de 100 metros rasos é considerada a rainha de todas as provas. O seu record foi conquistado pelo jamaicano Usain Bolt, em 2009, na Alemanha: 9,58 segundos. Muitos jornais da época o chamaram de homem-luz. É claro que sua velocidade não chegou perto dos 300.000 km/s, que a luz desenvolve, mas já faz 6 anos que ele é o homem mais rápido do mundo. A velocidade média de Bolt nesta corrida é melhor representada por:
a) 35 km/h
b) 38 km/h
c) 40 km/h
d) 43 km/h

 Resolução 

v = d/t  v = 100/9,5  v ≈ 10,5 m/s

Convertendo para km/h:
v = 10,5 · 3,6 v ≈ 37,8  v ≈ 38 km/h

Resposta: B

B.5) (somente para alunos da 1ª série) 
Carlos queria emagrecer e estava recebendo conselhos de Antônio, um grande amigo. Sem nenhuma recomendação médica, Antônio dizia que a melhor maneira de emagrecer é a sauna, pois aumenta a temperatura do ambiente forçando o corpo a suar mais. A ideia de Carlos para aumentar a temperatura do ambiente foi correr com uma roupa que absorva muito calor do Sol. Assim, ele foi pesquisar quais as características da roupa que deveria usar para conseguir o que desejava.
Dentre outras características, qual a cor da roupa que deve escolher para dar prosseguimento à ideia que teve?
a) Branca
b) Cinza
c) Preta
d) Qualquer uma.

 Resolução 

Dentre todas as cores, a preta é a que mais absorve radiação. Já a cor branca será a que mais reflete radiação.

Resposta: C

B.6) A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu que o ano de 2015 seria considerado o ano internacional da luz. Entender a natureza da luz sempre foi um desafio para o homem. Depois dos trabalhos da relatividade de Albert Einstein e da física quântica, muito sobre a luz foi compreendido. Um ponto interessante para esta prova é que a luz pode se comportar como um conjunto de partículas chamadas de fótons. Cada fóton carrega uma quantidade específica de energia e isso o identifica.
Quando o olho humano recebe um conjunto de fótons iguais (cada um transporta a mesma energia), a visão “cria” uma cor específica conforme tabela abaixo. Os fótons que possuem uma energia menor que 2,55×10-19 J (infravermelhos) ou maior que 5,10×10-19 J (ultravioleta) representam luz invisível, pois não são convertidos pelo olho em impulsos nervosos. O laser é uma fonte de luz visível; logo, é um emissor de fótons visíveis. Se certo laser tem uma potência de 0,00168 W e emite 4×1015 fótons por segundo, qual será a cor de seu raio de luz?
a) vermelho
b) violeta
c) amarelo
d) azul

 Resolução 

Em um primeiro momento o aluno do 1º ou 2º ano do Médio pode se desesperar por parecer uma questão da tão temida Física Moderna, mas isso é apenas uma espécie de enfeite! Relembre a fórmula geral que diz que a energia é o produto da potência pelo tempo. ⇔ E = P · t

O tempo não é informado especificamente, mas podemos usar a informação que diz que "e emite 4×1015 fótons por segundo". O tempo é, portanto, o inverso desse número:
t = 1/4 × 10-15 s

E = P · t  E = 1,68 · 10-3 · 1/4 · 10-15
E = 0,42 · 10-18 E = 4,2 · 10-19 J

A cor do raio de luz é, portanto, azul.

Resposta: D

B.7) Como o laser é uma fonte de luz regular, ele pode ser usado em diversos aparelhos. Um desses aparelhos, chamado de trena a laser, consegue medir a distância entre ele e o objeto que o raio laser atingir. Uma barra de aço foi usada para segurar uma estrutura. Uma trena a laser foi usada para medir o comprimento desta barra na temperatura de 20ºC. O valor indicado pela trena foi de 400,00 mm. Em um outro dia, cuja temperatura era de 30ºC, o mesmo procedimento foi feito e a trena mediu 400,12 mm. Uma segunda barra de aço, mais grossa, foi usada para sustentar uma outra estrutura. Uma trena a laser indicou o valor de 200,00 mm de comprimento para esta barra na temperatura de 15ºC. Em outro dia, cuja temperatura medida foi 35ºC, a trena a laser indicou que comprimento para esta segunda barra?
a) 199,76 mm
b) 199,88 mm
c) 200,12 mm
d) 200,24 mm

 Resolução 

Temos duas situações incompletas: a primeira dá todas as informações mas não dá o coeficiente de dilatação linear α. Vamos calcular o α e depois partimos para a segunda situação para calcular a variação no comprimento da barra:

I-
ΔL = Lo.α.Δθ
0,12 = 400 · α · 10
α = (12 · 10-2) / (4 · 102 · 10)
α = 3,0 · 10-5 °C-1

II-
ΔL = Lo.α.Δθ
ΔL = 200 mm · 3 · 10-5 °C-1 · 20 °C
ΔL = 2 · 102 · 3 · 10-5 · 2 · 10
ΔL = 12 · 10-2 mm
ΔL = 0,12 mm

O comprimento total da barra é, portanto, 200,12 mm.

Resposta: C

B.8) Um raio é uma fonte de luz descontrolada e perigosa. Ele gera luz por incandescência, que é o fenômeno de produção de luz quando uma amostra atinge alta temperatura. O raio é o movimento muito rápido de carga elétrica pelo ar, o que produz atrito, aquecimento e incandescência. Quando um raio atinge a areia de uma praia, muitas vezes o calor gerado derrete uma quantidade de grãos de areia. Quando essa massa volta a se solidificar, vira uma escultura de vidro cheia de ramificações, reproduzindo o caminho do raio na areia. Uma dessas esculturas possuía 0,5 kg e foi produzida em uma praia que estava a 20 ºC no momento que um raio a produziu. Sabendo que a areia possui um calor específico de 0,04 cal/(g.ºC), uma temperatura de fusão de 1720 ºC e um calor latente de fusão de 12 cal/g, quanto calor essa massa de areia, inicialmente a 20ºC, precisou receber do raio para derreter totalmente?
a) 10 kcal
b) 20 kcal
c) 30 kcal
d) 40 kcal

 Resolução 

A quantidade total de calor utilizada é a soma do calor sensível (responsável por elevar a temperatura) junto ao calor latente (responsável pelo derretimento da areia, ou seja, pela mudança de estado físico), de modo que:

Q = mcΔθ + mL

Muita atenção com as unidades! Na calorimetria não é necessário colocar tudo no SI todas as vezes. Eu gosto de dizer que quem manda na questão é o calor específico. Perceba que ele está em cal/g°C, portanto o calor aparecerá em calorias, a massa em gramas e a temperatura em °C:

Q = 5 · 102 g · 4 · 10-2 cal/g°C · 1700°C + 500g · 12 cal/g
Q = 5 · 102 g · 4 · 10-2 cal/g°C · 1700°C + 500g · 12 cal/g
Q = 5 · 4 · 1700 cal + 500 · 12 cal
Q = 34 000 cal + 6 000 cal
Q = 40 000 cal = 40 kcal

Resposta: D

B.9) As primeiras lâmpadas que funcionavam através da eletricidade usavam a incandescência para gerar luz. Entretanto, este tipo de lâmpada transforma apenas 5% da energia elétrica em luz (fóton visível). O resto é transformado em calor (fóton infravermelho). Atualmente, para consumo geral, existem dois tipos de lâmpadas mais eficientes: as fluorescentes com rendimento de 30% , e as de LED com 95% de eficiência. Entretanto, em uma granja, é necessário manter o ambiente quente; logo, muitas granjas utilizam a lâmpada incandescente para, ao mesmo tempo, aquecer o ambiente e produzir a iluminação necessária. O ambiente da granja deve ficar na temperatura de 30ºC. Nos Estados Unidos, os termômetros usam a escala Fahrenheit, a qual registra o valor 32 para o ponto de fusão do gelo e 212 para o ponto de ebulição da água. Qual a indicação da temperatura ideal de uma granja em um termômetro graduado em Fahrenheit?
a) 52 ºF
b) 66 ºF
c) 74 ºF
d) 86 ºF

 Resolução 

Basta aplicar na equação de transformação das temperaturas:
Resposta: D

B.10) Uma fogueira é uma fonte de luz incandescente; logo, emite muito calor. Uma fogueira estava sendo usada para aquecer uma amostra de gás nobre, cuja energia térmica se relaciona com a temperatura através da taxa de 3 J/ºC. Este gás estava levantando, em movimento uniforme (MU), um bloco localizado sobre o êmbolo (tampa móvel) do recipiente, conforme figura. Durante esse movimento, o gás aplicava no êmbolo uma força constante de 350 N (transformação isobárica). Este movimento ocorreu durante 40 cm. Enquanto o êmbolo e o bloco subiam em MU, a temperatura do gás era aumentada de 50ºC para 250ºC. Desprezando atritos, determine a quantidade de calor que o gás recebeu da fogueira durante o MU citado.
a) 820 J
b) 740 J
c) 610 J
d) 550 J

 Resolução 

De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica: Q = ΔU + W, sendo Q a quantidade de calor, ΔU a variação da energia interna do gás e W o trabalho (realizado por ou sobre o gás).

A energia interna de um gás está diretamente relacionada com sua temperatura. A questão diz que para cada 1 °C, a energia aumenta em 3 J. Portanto, quando o gás varia sua temperatura de 50 para 250 °C, sua variação de temperatura foi de 200 °C. Desse modo, a energia interna do gás aumentou em 600 J. Guarde este valor.

O trabalho realizado pode ser calculado por W = p.ΔV quando falamos sobre gases. Contudo, aqui cabe a expressão clássica W = F.d, uma vez que temos a força aplicada pelo gás e a distância de atuação. Não esqueça de passar a distância para o Sistema Internacional:
W = F.d  W = 350  · 0,4 m  W = 140 J

Q = ΔU + W  Q = 600 + 140
Q = 740 J

Resposta: B


E essas foram as 10 primeiras questões do nível B! Tá gostando? Visite nosso canal no YouTube para ver mais questões como essas! Eu sou o Renan, bora pra action!!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O poder da avalanche de peões - Parte 2

por IM Zoran Ilic

traduzido e adaptado do blog Remote Chess Academy, do GM Igor Smirnov
Veja o artigo original clicando AQUI


Há alguns dias atrás publicamos a primeira parte da lição sobre avalanche de peões do especialista em xadrez Mestre Internacional Zoran Ilic para você, que terá aprendido como reconstruir seu repertório de aberturas, o poder dos peões adjacentes, etc. (Caso você tenha perdido esse artigo, clique AQUI).

Agora, você pode continuar seu estudo com a segunda parte dessa lição.


Jogo 03
Kamsky, G (2755) - Romanov, E (2611)
28º Copa do Clube Europeu Eilar ISR (1.1), 11.10.2012

Jogam as brancas
Na posição acima, as brancas tinham opções seguras para manter a vantagem ao jogar 27.Cc4-d6, pressionando Be4. Querendo mais, ele decide ir a um sacrifício posicional com trocas imaginário.

27.Txe4! dxe4 28.f5 Essa decisão corajosa permitiu que as brancas mantessem o peão-f e ganhassem domínio sobre o tabuleiro inteiro.

Os peões estão prontos para iniciar a avalanche!
28...Tfe8 Como se pode ver, as negras querem minar o vulnerável peão-e. Mas essa não é a melhor defesa. Era melhor esclarecer as coisas na ala da dama, tentando obter colunas abertas para as suas torres. Por exemplo, 28…Tfc8 29.Td7 b6 30.Cb7 bxc5 31.bxc5

29.Td5 e3 30.Rf1! Um lance de mestre! Todas as peças brancas estão no lugar ideal e é hora do rei apoiar a iniciativa. 30…e2+ 31.Re1! A fim de evitar que seu peão-e fique cravado, as brancas não têm pressa para tomar o peão. 31…b6 32.Cc4 bxc5 33.bxc5 Tec8 34.Rxe2 Bf8 35.b4

Jogam as negras
As negras estão desprovidas de qualquer contra-jogo e as brancas têm vantagem e estão prontas para aumentar a pressão lentamente. Não há necessidade de pressa nessa posição de abertura ainda. Usando o posto de controle de d6, ele vai reposicionar suas forças da melhor maneira. 35…Tc7 36.Rd3 Te8 37.Cd6 Tb8 38.Ce4 Be7

Todas as peças brancas estão em ação!
39.Td6! O segundo sacrifício posicional com trocas cria uma dupla de peões insuportável na 6ª fileira. 39…Bxd6 40.exd6 Ta7 41.c6

A torre pode ter ido embora, mas a AVALANCHE DE PEÕES está aqui!
Uma posição fascinante! 41…Rf8 42.Bd4 Taa8 43.d7 Até agora, Kamsky tinha jogado perfeitamente. Esta é uma imprecisão, permitindo que as negras prolonguem a luta. 43.c7! - teria vencido mais rápido.

43...Tc8! Recuperando material, a fim de se livrar desses peões monstruosos. De qualquer forma, a posição das negras está perdida e, com uma boa técnica, Kamsky venceu de forma convincente. 44.Bc5+ Rg7 45.dxc8D Rxc8 46.Rd4! Txc6 47.Rd5 Tc8 48.Cd6!

Jogam as negras
48…Tb8 49.Rc6 h5 50.Rc7 Tg8 51.Bd4+ Rh7 52.Ce4 Rh6 53.Be3 h4 54.Bxg5+
1-0


Jogo 04
Kortschnoi, Viktor - Najdorf, Miguel [D41]
Hoogovens Wijk aan Zee (4), 15.01.1971

Jogam as negras
Na posição acima, as brancas tem uma escolha a fazer: simplificar a posição jogando 24.Bxb5 Txa2, ou criar complicações por expor seu bispo ao ataque  depois de 24.Bb3. Como de costume, Kortschnoi aceita o desafio, preferindo uma batalha complexa.

23…b5 24.Bb3! a5 25.d5! O único jeito de lutar pela iniciativa! A posição em desenvolvimento requer um cálculo exato. 25...a4? As negras evitam uma posição ligeiramente inferior após 25…exd5 26.Bxd5 e agora não 26…Ta4 27.Df3 Txh4? 28.Dxf7+!+–
O lance executado na partida força as brancas a sacrificar uma peça. Qual lado calculou melhor?

Jogam as brancas
26.dxe6! Não 26.d6? Qa7! pois a batalha teria sido decidida na ala da dama. 26...axb3 Não é bom 26…Cxe6 27.Bxe6 Txd1 28.Bxf7+ Rxf7 29.Df5+ Df6 30.exf6 Txe1+ 31.Rh2+– e as brancas vencem.

27.exf7+ Rh8 As negras não poderiam jogar 27...Rxf7 pois 28.Txd8 Dxd8 29.e6+ Rg8 30.e7 De8 31.Db4 Ta8 32.Dxb3+ Rh8 33.exf8D+ Dxf8 34.Dxb5 - ganhando.

28.Txd8 Dxd8 29.axb3 De7 Se 29…Txb3, então 30.e6 De7 (30…Cg6 31.e7!) 31.Dg5 Db4 32.De5 De7 33.Db8 h6


34.De8 Db4 35.Tf1 Tb1 36.Txb1 Dxb1+ 37.Rh2 e está tudo acabado.

30.e6 Ta6

Acredito que essa é a posição que ambos os jogadores viram após 25...a4. Possivelmente, Najdorf pensou que ganharia o peão-e6 à força. Mas as brancas possuem recursos para manter e6 vivo.

31.f4!! Jogado em tempo hábil! Tempo é um fator crucial. Lembra da parte 1? :)

Os peões estão prontos para a ação!
31...h6 O peão-e6 é um tabu. Por exemplo, 31…Txe6 32.Txe6 Dxe6 33.Dxe6 Cxe6 34.f5 Cf8 35.h5! Lance importante que previne as negras de ativarem seu rei. 35...g6


(35…h6 36.g4 g6 37.f6 gxh5 38.gxh5+–) 36.h6!+– O rei negro está afogado e a marcha do rei branco decide o jogo.

32.f5 Ch7 33.Tc1 As brancas estão vencendo mas problemas de tempo mútuo afetam o decurso do jogo.

33…Ta8 34.Df4 Cf6 35.Dc7 Db4 36.Dc8+? Típica decisão em apuro de tempo. O lado mais forte dá xeque, procurando linhas forçadas e vencedoras. Em um clima calmo, Kortschnoi encontraria facilmente o lance sorrateiro e matador 36.Dc5! +– quando as negras teriam abandonado imediatamente.

36...Kh7! Evitando o final espetacular 36…Txc8 37.Txc8+ Rh7 38.f8C+ Rg8 39.Cg6+ Rh7 40.Th8#

Jogam as brancas
37.Dxa8 Perdendo a oportunidade de jogar pela vitória com 37.Dc3. 37…Dd4+ 38.Rf1 Df4+?? Retornando o favor! O correto era 38...Dd3+! e as brancas não podem evitar o xeque perpétuo.

39.Re2 De5+ 40.Rd1 Apesar dos erros mútuos em apuro de tempo, este é um jogo fantástico entre dois gigantes do xadrez. 1-0


Jogo 05
Kramnik, Vladimir (2730) - Ivanchuk, Vassily (2740)
Dortmund Dortmund (1), 1995

Jogam as negras
Nessa posição específica, tendo uma torre e dois peões por duas peças menores, as brancas estão melhores; mas com uma defesa precisa, as negras poderiam ter mantido o avanço dos peões centrais das brancas sob controle. Infelizmente para ele, pouco antes de alcançar o controle a tempo, ele erra com 40...Cd7?

Em vez disso, com 40...Re6! as negras teriam sido capazes de segurar a posição. 41.Txc6! Um excelente sacrifício de troca abre caminho para a massa de peões brancos. 41...bxc6 42.Txc6

Jogam as negras
As brancas possuem uma estrutura de peões saudável, enquanto que os enfraquecidos peões negros são um alvo ideal para sua torre. 42…Tb8 43.Txg6 Txb2 A única chance de criar um contra-jogo com o peão-a. Mas as brancas são mais rápidas.

44.f5 Tb3+ 44…Cxe5 45.Te6+ +– 45.Rf4 Txa3 46.Tg7+ Re8 47.e6 Cf6

Jogam as brancas
48.g4! Ótima solução tática. Qualquer tomada das negras dá ao rei branco  permissão para penetrar de forma decisiva.

48...Ta1 48…Cxg4 49.e5 Ta1 50.f6 Tf1+ 51.Rg5+–; 48…hxg4 49.Re5 Cxe4


(49…Ch5 50.Th7+–) 50.Rxe4 Tf3 51.Re5 c5 52.Tg8+ Re7 53.f6+ Txf6 54.Tg7+ +–

49.e5 Cd5+ 50.Re4 [50.Re4 Cc3+ 51.Rd3 Cd5 52.gxh5 +–]

1-0


Se você, meu caro leitor, quer ciar tais tipos de ameaças, então aqui está uma conclusão para você!

CONCLUSÃO
  • Seja bravo e imaginativo;
  • Seja mente aberta para sacrificar material;
  • Encontre o equilíbrio entre decisões intuitivas e analíticas;
  • Acredite na força dos peões.

Vamos finalizar esse artigo com a famosa frase:

"Os peões são a alma do xadrez" - Philidor


Eu recomendo que você retorne a essa lição após uma semana ou duas. Como você já deve saber, estudar uma lição repetidamente ajuda-o a entender isso melhor e você se lembrará disso por muitos dias!

PS: Caso você não tenha visto a primeira parte dessa lição, você deve vê-la AQUI. Se você gostou desse artigo, por favor escreva seus comentários abaixo e compartilhe com seus amigos. Obrigado!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Renan comenta: OBFEP 2015 - 1ª Fase - Nível A

Fala galera! Renan aqui, e hoje vamos dar início a uma série de três posts com comentários sobre as questões da OBFEP. Hoje, na primeira parte da série, vamos comentar as questões destinadas aos alunos do 9º ano, ou seja, estamos tratando do Nível A. Bora pra action?

Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas 2015 - 1ª Fase - Nível A


A.01) A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu que o ano de 2015 seria considerado o ano internacional da luz por coincidir com a comemoração de alguns momentos importantes da ciência que envolveram diretamente a luz. Um desses momentos foi a apresentação do trabalho de Augustin-Jean Fresnel, em 1815, quando defendeu que a luz manifesta comportamentos ondulatórios. Ondulatório e corpuscular (partículas) são as duas formas usadas para descrever fenômenos relativos à luz. Existem alguns fenômenos típicos de ondas e outros típicos de partículas. Um fenômeno típico de ondas que é a capacidade de contornar obstáculos é chamado de difração. A luz sofre difração. Fresnel construiu modelos teóricos que explicavam a difração da luz.
Em 2015, vamos comemorar o centenário dos trabalhos do conhecido físico Albert Einstein. Em 1915, ele apresentou a famosa teoria da Relatividade Geral, onde a luz desempenha um papel importante. Foi também de Einstein a explicação sobre o efeito fotoelétrico que é a capacidade da luz retirar elétrons da matéria. Neste trabalho, Einstein defende que a energia trazida pela luz estava distribuída em pacotes, comportamento típico de partículas. As partículas, pacotes de matéria, conseguem transportar energia e matéria ao mesmo tempo. Já as ondas só transportam energia.
Considerando que tanto Fresnel quanto Einstein estavam certos, podemos dizer que:

a) A luz pode apresentar tanto comportamento típico de onda, quanto comportamento típico de partículas.
b) A luz apresenta comportamento exclusivamente ondulatório.
c) A luz é formada exclusivamente por um conjunto de partículas.
d) A luz não manifesta comportamento de partículas, nem de ondas.

 Resolução 

O texto deixa claro que a luz pode assumir características tanto de ondas (comportamento ondulatório) quanto de partículas (comportamento corpuscular).

Resposta: A

A.02) Os astros que mais chamaram a atenção dos povos são aqueles que emitem mais luz para a Terra: o Sol e a Lua. Seus movimentos são periódicos e por isso foram usados como verdadeiros ponteiros de relógio. Muitas culturas usaram o ciclo lunar (Lua cheia, quarto minguante, Lua nova e quarto crescente) como medida de tempo. Esse ciclo é também chamado de mês lunar. Isso era adequado em regiões equatoriais onde o clima não altera muito durante o ano e a fauna é sensível à mudança de fases da Lua. Já nas regiões tropicais, o ciclo solar produz mudanças durante o ano (primavera, verão, outono e inverno) mais significativas que as das fases da Lua. Por esse motivo, civilizações tropicais usavam o ciclo solar como medida de tempo. Cada fase da Lua dura 7,375 dias e cada estação do ano dura 91,25 dias. Podemos concluir, então, que um ano corresponde a:
a) 11 meses lunares e 21 dias
b) 12 meses lunares e 9 dias
c) 12 meses lunares e 11 dias
d) 13 meses lunares e 1 dia

 Resolução 

1 mês lunar é composto por 4 fases da Lua, portanto um mês lunar possui 7,375 · 4 = 29,5 dias.

Ao multiplicarmos 29,5 dias por 12 meses lunares achamos um total de 354 dias. Diminuindo esse resultado de 365 dias (1 ano), restam 11 unidades.

Resposta: C

A.03) Logo abaixo você acompanha uma sequência de momentos de um objeto descrevendo apenas rotação e do mesmo objeto descrevendo apenas translação em trajetória circular.
Apenas rotação...
Apenas translação...
Você sabia que, aqui da Terra, só vemos uma face da Lua? Isso significa que sempre as mesmas crateras estão voltadas para a Terra. Não conseguimos ver o outro lado, que é chamado de lado oculto da Lua. Porque isso acontece?
a) Porque a rotação da Lua e a translação da Lua duram o mesmo intervalo de tempo.
b) Porque a Lua descreve apenas rotação ou apenas translação.
c) Porque a rotação da Lua demora um intervalo de tempo maior que a translação.
d) Porque a rotação da Lua demora um intervalo de tempo menor que a translação.

 Resolução 

O fato de não vermos o outro lado da Lua é que seus períodos de rotação e de translação são iguais.

Resposta: A

A.04) Sabemos que a luz segue em linha reta no espaço livre (princípio de propagação retilínea da luz)
e que sua velocidade é enorme, 300.000.000 m/s. Para ter uma ideia da magnitude desta rapidez, vamos
imaginar que a luz faz voltas em torno da Terra e muito próxima de sua superfície. Considerando que o raio
da Terra mede 6.000 km e adotando π = 3, quantas voltas completas em torno da Terra a luz conseguiria
realizar em 1 segundo?
http://www.perfectlasers.net/25mw-green-laser-pointer.html (visto em 10/04/15)
a) 5 voltas
b) 6 voltas
c) 7 voltas
d) 8 voltas

 Resolução 

A distância percorrida em 1 volta pode ser encontrada por C = 2πr onde r é o raio da Terra. Precisamos deixar as unidades de medida iguais. Você pode converter o raio de km para m ou converter a velocidade de m/s para km/s. A decisão é sua. Eu ficarei com a segunda, passando a velocidade para 300 000 km/s:
C = 2 · 3 · 6 000 km  C = 36 000 km

Podemos achar o que a questão pede através de uma regra de três:
1 volta ----- 36 000 km
x voltas ---- 300 000 km
x = 300 000 / 36 000  x ≈ 8,33 voltas

A luz conseguiria dar 8 voltas ao redor da Terra. 

Resposta: D

A.05) A figura abaixo é uma representação das posições do Sol, da Terra e da Lua, e suas dimensões. O alinhamento desses astros produz um fenômeno raro: o eclipse solar. De acordo com essa figura, dentre os lugares A, B e C, aonde as pessoas poderão ver o eclipse solar total e aonde as pessoas poderão ver o eclipse solar parcial, respectivamente?

a) C e A
b) C e B
c) A e B
d) A e C

 Resolução 

Veja a figura:
Resposta: D

A.06) Na figura ao lado, um prisma de vidro recebeu um raio de luz branca. O raio de luz branca é formado por vários raios de luz de cores diferentes. No prisma, esses raios são separados porque cada um sofre desvio diferente.
Pode-se provar que quanto maior o desvio da luz ao passar pelo prisma, menor será a velocidade da luz no vidro. Qual a cor da luz que possui mais velocidade no vidro?
https://fspanero.wordpress.com/2009/12/ (visto em 05/04/2015)
a) Vermelho
b) Verde
c) Azul
d) Violeta

 Resolução 

Se o raio que sofre maior desvio possui menor velocidade, então possuirá maior velocidade o raio que sofre menor desvio. Pela figura, no vidro, o raio de luz que sofre menor desvio é o vermelho.

Resposta: A

A.07) O laser é uma luz muito regular e que, por isso, pode ser usada pelo homem para diversas aplicações tecnológicas como em modernos medidores de velocidade. A polícia rodoviária está intensificando a utilização destes equipamentos para a fiscalização nas rodovias.
Certa vez, um policial acionou um cronômetro (t = 0s) à medida que fazia a leitura da velocidade de um carro na BR 116, próximo a Governador Valadares (MG). As indicações das velocidades durante os primeiros 5 segundos de observação estão catalogadas na tabela abaixo:
O movimento deste carro obedece a uma regularidade que relata o ritmo do aumento da velocidade do mesmo. Tal regularidade é chamada de aceleração. Devido a esse comportamento, seu movimento é chamado de movimento uniformemente variado, ou MUV. A aceleração deste carro durante o período observado pode ser expressa por:











 Resolução 

A aceleração pode ser calculada por 
a = Δv/Δt a = (v - vo)/(t-to)
a = (70 - 55)/(5 - 0) a = 15/5 (km/h)/s
a = 3 (km/h)/s

Resposta: C

A.08) O laser também é usado para medir comprimentos, com excelente precisão, em equipamentos chamados de trenas ópticas. É fácil encontrar na internet propagandas dessas trenas ópticas.
http://www.mreferramentas.com.br/trena-digital-a-laser-50-metros-hikarihtl-50/ (visto em 12/04/2015)
Como qualquer aparelho de medida, a trena óptica possui um certo nível de erro. Observe algumas medidas realizadas por uma certa trena a laser:
3,750 m 
4,000 m 
2,820 m 
A partir dessas medidas, podemos dizer que a menor graduação desta trena encontra-se na casa dos:
a) m
b) cm
c) mm
d) 10-1 mm

 Resolução 

Perceba que, em todos os casos, as medidas são dadas até duas casas decimais, ou seja, são especificadas até a graduação de centímetros. Não deixe se enganar com os zeros após a segunda casa decimal: 3,750 e 3,75 são a mesma coisa. Não caia nessa!

Resposta: B

A.09) Uma fonte de luz muito interessante é o vagalume. Este pequeno inseto produz um pigmento que reage quimicamente com o oxigênio para produzir luz. Qual a criança que não é fascinada por um vagalume? Em Maracaju (MS), Ricardo, um menino muito agitado, viu um vagalume em um galho de árvore mais alto que ele. Como aquela luz estava lhe atraindo, resolveu pegá-la. Posicionou-se embaixo do vagalume, agachou um pouco e deu um pulo. Para tristeza de Ricardo, o vagalume voou antes de sua captura.
http://partedesi.blogspot.com.br/2012/09/
parodiavagalumesruas-por-ai.html
O que Ricardo fez para pular, vencendo a força da gravidade?

a) Aplicou nele mesmo uma força para cima e maior que a força da gravidade. 
b) Aplicou no chão uma força para baixo e de mesma intensidade que a força da gravidade. 
c) Aplicou no chão uma força para baixo e de maior intensidade que a força da gravidade. 
d) Aplicou no ar uma força para baixo e maior que a força da gravidade.

 Resolução 

É bem intuitivo: para vencer a força da gravidade é necessário aplicar uma força no chão, o qual aplicará de volta uma força no menino, e esta força precisa ser maior que a força da gravidade.

Resposta: C

A.10) Os meteoritos são pedras que vêm do espaço e entram na atmosfera terrestre. O atrito entre os meteoritos e a atmosfera produz um intenso aquecimento ao ponto de gerar luz (incandescência). Os meteoritos são fontes de luz temidas pelo homem.
http://www.bluebus.com.br
/meteorito-na-russia-trazendo
-a-deep-web-para-a-superficie-por-felipe-b/
Digamos que um meteorito esteja caindo verticalmente. A força da gravidade da Terra aponta a favor do movimento do meteorito e a força de atrito aponta contra o movimento do mesmo. À medida que o meteorito se aproxima da Terra, sua velocidade aumenta. Quando entra na atmosfera, sua velocidade diminui até que entra em movimento uniforme a poucos quilômetros da superfície da Terra.

Sobre a força resultante que age neste meteorito durante o movimento descrito, podemos afirmar que:
a) se manteve a favor do movimento o tempo todo. 
b) se tornou nula a poucos quilômetros da superfície. 
c) por todo o tempo que o meteorito estava interagindo com a atmosfera, ela apontou contra o movimento.
d) adquiriu sua maior intensidade quando o meteorito atingiu sua menor velocidade.

 Resolução 

Para que um objeto tenha velocidade constante, ou seja, realize movimento uniforme, a força resultante sobre ele deve ser nula. Essa situação está descrita no texto quando o meteorito está a poucos quilômetros da terra.

Resposta: B

A.11) Outra fonte de luz temida pelo homem é o raio. Por sorte, Benjamin Franklin criou o para-raios que nos protege deste poderoso fenômeno da natureza.
http://www.cosmoconsultoria.com.br/servicos/para-raios/instalacoes.html (visto em 15/04/2015)
Um raio é uma descarga elétrica que transforma energia elétrica em energia luminosa, energia térmica e energia sonora. A energia elétrica liberada por um raio equivale à energia elétrica consumida por uma lâmpada de 100W acesa por 4 meses (120 dias). Uma lâmpada de 100W consome 1kWh (quilowatt-hora) de energia elétrica quando acesa por 10 horas. Quantos quilowatt-hora são liberados por um raio?
a) 196 kWh
b) 242 kWh
c) 264 kWh
d) 288 kWh

 Resolução 

A energia liberada é calculada por:

E = 1 kWh/10h · 120 dias · 24 horas/dia

Perceba que as unidades se anulam, restando apenas o kWh:

E = (120 · 24)/10 kWh/horas · dias · horas/dia
E = 288 kWh

Resposta: D

A.12) João estava conversando com o seu amigo Stevin, que mora nos Estados Unidos. Stevin estava lhe explicando que as lâmpadas fluorescentes são mais econômicas. Também disse que elas são chamadas de “lâmpadas frias” pois mantêm a temperatura de sua superfície a 104 graus, podendo ser tocada por
qualquer pessoa. A princípio, João não entendeu como poderia ser fria se fica mais quente que água fervendo. Stevin lhe explicou que João estava interpretando de forma equivocada o valor de 104 graus. A escala usada pelos norte americanos é a Fahrenheit. Nesta escala, a água congela a 32 graus e entra em ebulição a 212 graus. Já na escala Celsius, a água congela a 0 graus e entra em ebulição a 100 graus. http://www.preciolandia.com/br/lampada-fluorescente-eletronica-espiral-8iuf3y-a.html
Usando os valores correspondentes para o ponto de fusão e ebulição da água, encontre a indicação na escala Celsius correspondente a 104 ºF.
a) 40 ºC
b) 50 ºC
c) 60 ºC
d) 70 ºC

 Resolução 

Aqui você pode aplicar a fórmula da conversão de escalas ou simplesmente pode fazer uma regra de três usando as razões entre a temperatura atual pela temperatura do ponto de ebulição. A fórmula de conversão de temperatura Tc/5 = (Tf - 32)/9 surge dessa regra de três. Veja:

x/100 = (104 - 32)/(212 - 32)  x/100 = 72/180
x/5 = 72/9 x/5 = 8
x = 40 °C
Resposta: A

A.13) Existe um capacete que está sendo vendido na internet nomeado de capacete solar. Ele possui um pequeno painel solar na parte superior. Um ventilador fica ligado ao painel solar. Enquanto existir luz solar, o ventilador funcionará refrescando a cabeça do usuário sem que o capacete perca a sua função de proteção.
http://rj.olx.com.br/serra-angra-dos-reis-e-regiao/jardinagem-e-construcao/capacete-de-seguranca-ventilacaomovido-luz-solar-47857194(visto em 05/04/2015)
A energia sofre duas transformações no mecanismo desse capacete. Identifique a sequência dos tipos
de energia que se manifestam neste equipamento.
a) energia elétrica → energia solar → energia cinética
b) energia elétrica → energia cinética → energia solar
c) energia solar → energia cinética → energia elétrica
d) energia solar → energia elétrica → energia cinética

 Resolução 

A energia solar incide no painel solar que a converterá em energia elétrica. Esta será utilizada para movimentar a hélice do ventilador. Falou em movimentar, temos energia cinética.

Resposta: D

A.14) A luz solar aquece a superfície da Terra; portanto, ela transporta calor. Em Cabrobó (PE), a luz solar traz, em média, 200 calorias por m² de superfície em cada hora. Observe a planta baixa (desenho visto de cima) de uma piscina. Ela será construída em Cabrobó. Sendo assim, das 10 h até as 14 h, a água desta piscina receberá quanto calor trazido pela luz solar?
Use π = 3 e saiba que o ponto P é o centro do único arco de círculo que aparece. 

a) 42 kcal 
b) 48 kcal 
c) 50 kcal 
d) 54 kcal 

 Resolução 

A piscina é constituída por um retângulo, um quarto de circunferência (90°) e um quadrado. Sua área total é a soma dessas três áreas.
AT = (B×h) + πR²/4 + L²
AT = (8×4) + 3×4²/4 + 4²
AT = 32 + 12 + 16 AT = 60 m²

Sendo Q a quantidade de calor recebido:
Q = 200 cal/m²·h × 60 m² × 4h
Q = 48 000 cal = 48 kcal

Resposta: B

A.15) No processo de tratamento de água de uma cidade no México, usam-se tanques cilíndricos de 20 m de diâmetro. Cada tanque possui uma capacidade de 6.000 m³ de água. Para reduzir o percentual de água perdida por evaporação por causa da incidência da luz solar, procura-se deixar tais tanques totalmente cheios. Certa vez, o engenheiro responsável notou que um tanque não estava cheio e mandou completá-lo. A partir do momento de acionamento das bombas que injetavam água no tanque, t = 0s, a altura h da água
dentro do tanque obedeceu a relação h = 5 + 0,5.t + 0,1.t² , onde o tempo t era medido em segundos. Quanto tempo levou para encher o tanque completamente? Dados: use π = 3.
a) 8 s
b) 10 s
c) 12 s
d) 14 s

 Resolução 

Primeiro de tudo, vamos entender a questão: temos duas variáveis na função: h e t. Precisamos descobrir uma para calcular a outra. Vamos descobrir a altura do tanque para então calcular o tempo, que é pedido na questão.

V = AB · h V = πr² · h
6 000 = 3 · 10² · h 6 000 = 300·h
h = 20 m

Agora é só substituir na função que relaciona altura e tempo e cairemos numa equação do 2º grau:

h = 5 + 0,5.t + 0,1.t²
20 = 5 + 0,5.t + 0,1.t²
0,1t² + 0,5t - 15 = 0 (×10)
t² + 5t - 150 = 0

Você pode resolver pela fórmula de Bháskara. Eu prefiro por soma e produto:
x1 + x2 = -b
x1 · x2 = c

x1 = 10 e x2 = -15

Como o resultado negativo não interfere, tem-se que o tanque foi cheio em 10s.

Resposta: B

E aí, o que achou? Não esquece de deixar teu comentário aqui e nem deixa de mandar esse post para aquele teu amigo que tá se preparando para a Olimpíada!

Eu sou o Renan,
#BoraPraAction

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O sorriso de 25 mil dólares!

Pare e pense: como você se sentiria se achasse 25 mil dólares enquanto anda na rua? Agora puxe pela memória: você acha que existe algum sorriso que valha essa quantia?

Bem, em um primeiro momento você pode ter pensado em alguma celebridade. Se tiver a mente um pouco mais fértil, pode ter imaginado uma boca cheia de dentes de ouro heheh. Mas, e se eu te dissesse que tal sorriso está mais próximo do que você pensa? E, indo além, e se eu te contasse que VOCÊ mesmo é o dono ou a dona desse sorriso?

Calma, vou te explicar direitinho: há algum tempo foi divulgada uma pesquisa que mostrava que o nível de endorfina produzido pelo nosso corpo quando recebemos um sorriso é o mesmo se acontecesse de acharmos 25 mil dólares na rua!

Faz sentido? Vamos fazer um exercício: lembre-se de um sorriso que você recebeu e que tenha te marcado bastante. Tente lembrar-se da sensação que te percorreu durante esse momento. Eu não sei você, mas, para mim, há sorrisos que 25 mil dólares jamais pagariam!

E é por esse motivo que eu quero te fazer um convite: SORRIA!
Sorrir é contagioso! Você estimula as pessoas ao seu redor, além de parecer mais afável, amigável e inclusive mais competente!

Aliás, lembro-me de mais um estudo (eu gosto deles, heheh) que vi uma vez, o qual mostrava que, quando você estivesse na iminência de ficar triste, ficando pra baixo, e simplesmente sorrisse para o nada, sem nenhum motivo aparente, é possível livrar-se desse sentimento negativo em alguns minutos.

Eu não sei se você possui 25 mil dólares para sair distribuindo. Mas eu tenho certeza que você pode melhorar o dia ou a semana de uma pessoa com um simples sorriso, com um gesto gentil. E mais: tenho certeza que você será muito bem recompensado(a), tanto no curto quanto no longo prazo.

Portanto, te deixo com essa missão. Faça disso um hábito e volte para contar os impactos positivos tanto na sua vida quando na das pessoas ao seu redor.

Eu sou o Renan,
#BoraPraAction

Veja mais:
Ron Gutman - O poder oculto do sorriso - TEDx Talks
O poder do sorriso - Super Interessante

Filmes relacionados:
A corrente do Bem

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sábado, 14 de novembro de 2015

O poder da avalanche de peões - Parte 1

Artigo escrito pelo IM Zoran Ilic e traduzido do blog Remote Chess Academy, do GM Igor Smirnov.


Uma avalanche de peões (do inglês pawn storm) é uma estratégia de xadrez na qual vários peões são movidos numa rápida sucessão em direção à defesa do oponente. Uma tempestade de peões normalmente envolve os peões adjacentes de alguma ala do tabuleiro (ala do rei ou ala da dama).

"Você pode dizer que um enxadrista está amadurecendo quando ele começa a variar suas aberturas" - Bent Larsen

Claro, é um fato verdadeiro! Todo jogador de xadrez deve melhorar continuamente e expandir seu repertório de aberturas se ele quiser ter um progresso constante. Tais mudanças são requeridas especialmente quando você atinge um nível mais elevado.

Uma das razões comuns para a ESTAGNAÇÃO de jogadores talentosos é que eles são relutantes em mudar seus repertórios de aberturas à medida que sua força de jogo aumenta.

Durante anos, eles muitas vezes se prendem às aberturas aprendidas nas suas juventude, negligenciando o fato de que a importância da abertura é gradualmente aumentada à medida que você sobe nos rankings. Em vez desta abordagem, eles deveriam aceitar o desafio e começar a reconstrução necessária de seus repertórios de aberturas.


Sim, isso requer o investimento de uma quantidade significativa de tempo. Mas essa é a maneira de continuar a melhorar a longo prazo e assim competir com sucesso em um novo nível. O xadrez é um jogo complexo, exigente. NÃO há nenhum atalho para se chegar a um padrão de alto nível.

Agora, vejamos uma história real:

Aleksandar Indjic (19 anos) é um jovem GM muito talentoso e a grande esperança do xadrez sérvio. Na sua carreira, ele já obteve muitos resultados notáveis. O seu gráfico de rating FIDE se mantém em crescimento e atualmente ele está por volta de 2550.


No caminho para chegar a um nível tão alto, ele obteve muitos pontos ganhando vários jogos com aberturas Benoni quando com as peças negras.

Entre as suas vítimas não estavam apenas jogadores fracos, mas também alguns nomes respeitáveis. Mas isso foi em um tempo em que ele não era tratado com o maior respeito por seus adversários (hoje em dia eles respeitam). Sem dúvida, o GM Indjic entende e sente a abertura Benoni perfeitamente.

Durante anos, seu principal treinador era o lendário iugoslavo GM Drasko Velimirovic, que jogou essa abertura por todo caminho ao longo de sua rica carreira. Ele goza da reputação de ser um dos maiores praticantes da Benoni.

Defesa Benoni

Então, qual é o problema? Jogar a defesa Benoni e aberturas similares contra um jogador de menor força é normalmente uma boa e promissora escolha. Mas usar isso contra jogadores acima de 2500 é uma aventura muito arriscada.

Poderia ser adequado contra a forte oposição em jogos individuais, como uma arma surpresa, mas dificilmente é sólida o suficiente para ser a base de um repertório de ALTO NÍVEL: a opinião geral é que tais aberturas são simplesmente insustentáveis no mais alto nível.

Acredito que o jovem GM Indjic já entendeu isso após experimentar algumas derrotas dolorosas recentemente. A última delas, no Memorial Najdorf em Warszawa este verão, veio quando ele escolheu arriscar sua abertura favorita contra o GM polonês Krasenkow. Agora, provavelmente é a hora de evoluir seu repertório:

Jogo 01
Krasenkow,M (2623) - Indjic,A (2542)
Memorial Najdorf Categoria Aberto Warsaw Polônia (round 7.10), 18.07.2014


1.d4 Cf6 2.c4 c5 3.d5 NÃO era difícil para Krasenkow adivinhar a escolha de abertura das negras. E, claro, ele estava bem preparado. 3...e6 4.Cc3 exd5 5.cxd5 d6 6.e4 g6

Jogam as brancas

Indjic parece estar muito confiante e destemido com sua Benoni. Esta ordem de lances permite que as brancas joguem a desagradável variante Taimanov, com o rápido avanço do peão-f e Bb5+. Apesar deter sido dada esta oportunidade, GM Krasenkow opta por outra abordagem posicional mais silenciosa que tem sido muito popular nos últimos tempos. Esta é a chamada Variante Clássica-Moderna - e ela não é fácil de conhecer, de qualquer modo.

7.h3! O lance chave! Com um h3 precoce, as brancas evitam a ideia de "libertação" favorita das negras com ...Bg4. A troca dos bispos de casas claras favorece as negras, tendo em mente sua inferioridade de espaço.

7...Bg7 8.Cf3 a6 9.a4 Cbd7 10.Bd3 Ch5 Atrasar o roque é uma tentativa interessante de responder ao set-up com h3, Cf3 e Bd3 das brancas. O ponto principal do jogo das negras é iniciar um imediato jogo na ala do rei. Essa ideia foi aplicada com sucesso em alguns jogos pelo GM Radoslaw Wojtaszek.

11.Bg5 A principal escolha das brancas e uma tentativa muito sensível para frustar os planos das negras. As brancas também não se apressam para fazer o roque, evitando a linha 11.0-0 Ce5 12.Cxe5 {ou 12.Be2 Cxf3+ 13.Bxf3 Dh4!


O ponto principal de não ter feito roque é explorar a semi-aberta fila-G após 14.Bxh5 gxh5}

12...Bxe5 13.f4 Bd4+ 14.Rh2 Dh4!? 15.Df3 Cf6 16.Ce2 Cg4+ 17.Rh1 Cf2+ 18.Rh2 Cg4+ 19.Rh1 Cf2+ 20.Rh2 ½-½ Sermier,G (2428)-Kovacevic, A (2598) Aix-les-Bains 2011

11...Bf6 12.Bh6!


O bispo branco em h6 previne as negras de fazerem o roque
Mais ativo e desafiante que 12.Be3 Ce5 13.Be2 Cxf3+ 14.Bxf3 Cg7

12...Ce5 As negras continuam com seu plano usual ativo, não querendo entrar na posição jogável mas um pouco inferior no caso de 12...Bg7  13.Bxg7 Cxg7 14. Dd2 0-0 15.0-0 b6 16. Tab1 f6 17.b4 ½-½ Van Wely, L (2730)-Smith, B (2550) Chicago 2009. Uma linha que leva a uma posição altamente desequilibrada é 12...g5!? com a simples ideia de Tg8-g6 13.e5!? dxe5 14.0-0 Cf4 15.Ce4 De acordo com minhas fontes, esta posição não foi testada na prática ainda.

13.Cxe5 Mais direto que 13.Be2 Cxf3+ 14.Bxf3 Cg7 13...Bxe5 14.Dd2 Ordem de lances precisa! 14.0-0 Dh4! é bem mais perigoso para as brancas. Por exemplo, 15.Dd2 Bxh3 16.gxh3 Dxh3 17.f3 g5! seguido de ...Bd4+ 14...Cg7 O lance mais lógico. Como alternativas, o GM Ward sugere 14...Tg8 pretendendo encontrar 15.0-0?! com 15...g5, ou 14...Bd7 mantendo a opção de ...Tg8 e ...g5. Mas é muito mais fácil sugerir tal ideia aventureira do que jogá-la em um jogo real.

15. 0-0 0-0 16.f4!

16.f4 dá início à avalanche de peões!
A forte novidade que põe em dúvida toda a concepção das negras.Dois exemplos de práticas anteriores onde as negras atingiram posições bastante sólidas são:

  • 16.Ce2 f5 17.exf5 gxf5 18.Bg5 Bf6 19.Bxf6 Dxf6 20.Cf4 Dd4 0-1 Szromba, K (2118)-Wojtaszek, R (2449) Laczna 2002.
  • 16.Tae1 f5 17.exf5 Bxf5 18.Ce4 Bxe4 19.Txe4 Df6 20.Bg5 Df7 ½–½ Rogozenco, D (2541)-Valeanu ,E (2440) Eforie Nord 2008.

16...Bd4+ 17.Rh2 Bd7 As negras perderam sua última chance de jogar o libertador 17...f5. Mas ele não teria resolvido seus problemas se tivesse jogado esse lance temático também.

Por exemplo: 17...f5 18.Tae1 Te8 (depois de 18...fxe4 19.Cxe4 as negras não podem jogar 19...Cf5; ele está atrás em desenvolvimento e sua posição tem muitas fraquezas estratégicas) 19.exf5 Cxf5 (19...Bxf5 20.Bxg7 Bxg7 21.Bxf5 gxf5 22.Te6±) 20.Bg5 Dd7 21.Bxf5 gxf5 22.Txe8+ Dxe8 23.Te1 Dg6 24.Te7± Nas linhas acima, deve-se notar o importante papel de restrição do bispo de casas negras das brancas.

18.Ce2! Isso põe um fim à principal ideia das negras que é ...f5. A peça negra mais vital na Benoni, o bispo de casas negras fianquetado, passa a ser um problema, tendo apenas a casa f6 disponível. E até mesmo essa casa não é a mais segura. Muito provavelmente, Indjic não se sentiu confortável nesse momento, apesar que este era "o seu tipo de posição". Na verdade, falta espaço e sem o libertador ...f5 é muito difícil para as negras encontrarem uma resposta adequada.

18...Bf6 19.g4

Jogam as negras!
A inevitável avalanche de peões no centro e na ala do rei é apoiada por todas as peças brancas. Eu só posso imaginar o rosto sombrio e a cara de desaprovação do treinador de Indjic, o falecido GM Velimirovic, se ele estivesse por trás do seu talentoso aluno.

19...Db6 Um lance de curto prazo tentando manter o bispo na diagonal a1-h8, evitando também 19...Te8 20.g5 Be7±; ou 19…b5 20.e5 dxe5 21.g5 Be7 22.fxe5±

20.g5 Dxb2 21.Dxb2 Em vez de optar pela linha vantajosa e livre de riscos que é a troca de damas, talvez seja melhor continuar com 21.Bc2! Depois dos seguintes lances forçados 21...Dxa1 22.Txa1 Bxa1 23.Dd1 Bb2 24.Db1 Bd4 25.Db6± é difícil acreditar que as negras podem segurar essa posição.

21…Bxb2 22.Tab1 Ba3 Mal posicionar o bispo era inevitável. 23.Txb7 Tfd8 24.f5 As brancas continuam com o jogo energético. Mas abrir mão do controle da casa e5 é uma decisão responsável. 24.Cg3 era uma opção.

24...Bb4?! Desperdiçando um tempo precioso. As negras deveriam se livrar da torre em b7 o mais rápido possível. Ele perdeu a oportunidade de oferecer um sacrifício de peão. 24...Tab8! Com a ideia de reposicionar seu bispo para a excelente casa e5 no caso de 25.Bxa6 Bb2

25.Cf4 25.Cd4!? Também era bom. 25…Tab8

Jogam as brancas!
A linha 25…gxf5 26.Bxg7 Rxg7 27.Ce6+ fxe6 28.dxe6± é muito melhor para as brancas. 26.Ce6! Isso veio assim do nada - destruindo a barricada sacrificando o cavalo. As brancas querem destruir a defesa das negras com a força bruta da massa de seus peões avançados unidos. 26.Ta7 Ta8=

26...fxe6 O sacrifício deve ser aceito. Insatisfatório é 26…Txb7 27.Cxd8 Tb8 28.Cc6 Te8 29.f6 Bxc6 (29…Ch5 30.Ce7+ Rh8 31.Be2+–) 30.dxc6 Ce6 31.Bxa6±

27.Txb8 A linha de computador seguinte demonstra o quão complexa é a posição: 27.Txd7 Txd7 28.dxe6 c4 29.exd7 cxd3 30.f6 Cf5 31.exf5 Rf7 32.Tb1 d2 33.Txb4 d1D 34.Txb8 Dd2+=

27...Txb8 28.dxe6

Jogam as negras.
28...Bxa4?! É muito difícil criticar esse "lance humano", com a simples ideia de capturar o peão e jogar 29...Bb5 em seguida.

A defesa correta era 28...Bc6! criando a possibilidade de reagir com ...d5, neutralizando o efeito do matador Bc4 das brancas. Depois de 29.e7 (mais fraco seria 29.Bc4 gxf5 30.e7+ d5 31.exd5 Bd7 32.d6+ Rh8 33.Bxg7+ Rxg7) 29…gxf5 30.exf5 Bc3 (30…Be8 31.g6 hxg6 32.fxg6 Bc6 33.Bc4+ d5 34.Tf7 Bc3 35.Bxa6=) 31.Bc4+ d5 32.f6 Be5+ 33.Rg1 Bd4+ 34.Rh2 Be5+ As negras estão salvas pelo xeque perpétuo.

29.Bc4 Bb5? Outro lance cooperativo. A posição é difícil mas as negras poderiam ter tido chances práticas após 29...gxf5! 30.e7 d5 - A ideia é sacrificar ambos os peões a fim de controlar a diagonal a3-f8. 31.Bxd5+ Rh8 32.Txf5 (32.exf5 c4 33.f6 Ch5 34.Bxc4 também favorece as brancas) 32…c4 33.Tf7 Ch5

30.Bd5!

As brancas estão usando o poder de seus peões conectados.
Isso sela o destino das negras! As negras não foram bem sucedidas em trocar ou neutralizar a peça de ataque MAIS FORTE das brancas, o bispo de casas claras. Por outro lado, seus dois bispos estão excluídos do principal campo de batalha. E sobre a torre em f1?! Quem se importa com material quando se tem dois peões passados unidos na sexta fila apoiados pelo par de bispos! Não tem jeito das negras manterem sua posição.

30...gxf5 ou 30...Bxf1 31.e7+ Rh8 32.f6 Cf5 33.exf5+–

31.e7+ Rh8 32.Bxg7+ Uma outra espetacular linha vencedora era 32.exf5 Bxf1 33.f6 Cf5 34.Bg7+ Cxg7 35.f7+– 32...Rxg7 33.exf5 Be8 34.f6+ Rg6 35.f7 Bxf7 36.Bxf7+ Rxg5 37.e8D Txe8 38.Bxe8 c4 39.Bc6 c3 40.Be4 h5 41.Tf5+ Rh6 42.Rg3 a5 43.Tf7 Rg5 44.h4+ Rh6 45.Th7#

1-0

Esse é um exemplo quase perfeito de uma excelente preparação "humana". Para evitar tornar-se um alvo fácil dos "jogadores assassinos armados com um laptop", você deve estar disposto a jogar aberturas diferentes.

Mas cuidado! Evite o cenário em que, a fim de surpreender seu oponente, você se encontre em uma espécie de posição (território) desconhecida. Cada escolha sua deve estar baseada em preparação e conhecimento sólidos.

Se você fizer o contrário, pode acontecer que sua "arma surpresa" se volte contra você, com seu oponente sorrindo em cima dela. A abordagem de Krasenkow para o jogo merece a maior apreciação. Depois de lançar a novidade preparada, com um jogo enérgico ele arrematou esse belo jogo com um sacrifício surpreendente. A partida é instrutiva em vários aspectos.

Portanto, não subestime o poder de uma avalanche de peões - uma arma de ataque brutal e perigosa.

Vamos ver outro exemplo no qual o rolo compressor de peões dominou. As características comuns em todos os exemplos dados são jogos altamente imaginativos e corajosos.

Como regra: para ganhar uma massa de peões perigosa, é necessário sacrificar material,normalmente uma peça, ou fazer trocas.


Jogo 02
Bologan,Viktor (2687) – Mchedlishvili,Mikheil
EU-ch 13th Plovdiv (9), 29.03.2012

1.e4 c6 2.Cf3 d5 3.Cc3 Cf6 4.e5 Ce4 5.h3 e6 6.d4 c5 7.Bd3 Cxc3 8.bxc3 c4 9.Be2 Be7 10.h4 Cc6 11.h5 h6 12.g3 Da5 13.Dd2 Bd7 14.Ch4 0–0–0 15.a4 Tdg8 16.Bg4 Bg5 17.f4 Be7 18.Rf2 g5 19.hxg6 fxg6 20.Cf3 Dd8 21.De2 Df8 22.Rg2 Cd8 23.a5 Cf7 24.Tf1 Dg7 25.Cd2 h5 26.Bf3 g5 

Jogam as brancas
Momento crítico! A tensão do jogo atingiu seu clímax! As negras estão ameaçando abrir a posição do rei branco com um ataque irresistível. O TEMPO é um fator crucial e, para continuar no jogo, as brancas devem atacar PRIMEIRO.

27.Cxc4! g4? O erro decisivo! As negras subestimam o potencial de ataque das brancas. Por ser ganancioso, ele perdeu a noção do perigo. A posição requer abrir a ala do rei com 27...gxf4 28.Bxf4 Bg5

28.Bxd5! exd5

Jogam as brancas
29.Cb6+!! Com um duplo sacrifício de peças, as brancas abrem linhas em direção ao rei negro. Apesar dos recursos de ataque reduzidos, ele está desenvolvendo um ataque avassalador. Observe que a posição do rei dele é muito mais segura que há um par de jogadas atrás.

29...axb6 30.axb6 Rd8 As negras não podem salvar o jogo mesmo depois de 30...Rb8 31.e6; ou 30...Bd6 31.Ta8+ Bb8 32.f5! com a ideia de e6 e Bf4.

31.Ta8+ Bc8 32.Db5! Apesar de duas peças de desvantagem, as brancas estão completamente ganhas. A minoria das peças negras está no jogo, enquanto a maioria de sua peças estão longe do principal campo de batalha. Além disso, confrontado com essas ameaças diretas, as negras não possuem qualquer contra-jogo. 32…Cd6 33.Dxd5 Df7 34.Dc5! Bf8 35.f5!

Jogam as negras
Não há razão para se apressar com 35.exd6. As brancas querem o controle das casas claras também, e seus peões são simplesmente muito fortes.

35...Dd7 36.e6 Uma vitória mais interessante que a abordagem geométrica bastante simples de 36.exd6 Bxd6 37.Txc8+ Dxc8 38.Dxd6+ Dd7 39.Bg5+ Txg5 40.Df6+ +–

36…Dc6+ 37.Dxc6 bxc6 38.f6! Th7 39.f7 Tg6 40.Ba3 Txe6 41.Bxd6
1–0

Antes que você se sinta "sobrecarregado" com esse artigo, vamos dar uma parada agora. Veremos mais desses jogos sobre avalanches de peões na próxima parte.

LEMBRE-SE: apenas QUALIDADE conduz à melhoria - não só QUANTIDADE.

Forte abraço e até o próximo artigo!
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